Somos um casal jovem (de 29 anos), casados há 4 anos. Considero que sempre tivemos uma vida sexual activa normal, è verdade.
Em Novembro do ano passado descobri que o meu marido tinha umas experiências, que para mim não são normais!! Deste modo, descobri que ele via sites/vídeos pornográficos (isto eu sabia que ele “gostava” de o fazer de vez em quando!!!), mas o que eu achei mais estranho foi o facto de ele se masturbar enquanto o fazia!!! Descobri também que se inscreveu num site (adultfindfriend), procurando mulher entre os 18-30 anos para sexo a dois!!
Obviamente quando vi isto fiquei chocada!! Jamais imaginei que seria capaz disso, senti-me traída!!
Confrontei-o com a situação, e ele disse-me que era “normal, é curiosidade”!
Não me parece que seja normal, e parece-me que é “curiosidade” a mais.
Eu quero pensar que isso foi uma fase, que passa, e que ele nunca teve intenção de me magoar. Mas, fê-lo, e desde então, que de vez em quando este fantasma me assombra!!!
Surge com frequência a questão das fantasia sexuais no contexto da relação e como estas podem ser geridas pelo casal. Na fase do enamoramento, as pessoas estão completamente centradas no outro, não havendo grande espaço para fantasiar sobre outra pessoa que não seja o amado ou a amada. Contudo, este período tem uma duração limitada que pode ir no máximo até aos 2 anos, conforme indicam vários estudos nesta área.
Durante a fase do enamoramento, desenvolve-se o vínculo afectivo que permitirá o crescimento da relação e a ambos os indivíduos serem capazes de aceitar e tolerar as verdadeiras características do outro, passando assim duma fase romântica a um entendimento mais real da pessoa amada.
Por outro lado, surgem com maior visiblidade os aspectos negativos da outra pessoa e o casal entra numa fase de maior rotina muitas vezes associada à decisão de se casar ou viver juntos. A possibilidade de estabelecer uma relação de forma mais séria e durável implica a iminência da perda da individualidade e pode dar origem a estratégias várias que se constituem como obstáculos ao crescimento da relação.
As dificuldades em permanecer e investir na relação estão normalmente relacionadas com estratégias interiorizadas na família de origem e pela forma como foi desenvolvida a personalidade e identidade da pessoa ao longo do tempo, bem como influências do meio exterior, sociais e culturais.
Exemplos comuns das dificuldades em permanecer na relação são os sintomas fóbicos, ou seja, medos irracionais do que poderá acontecer se o indivíduo ficar somente com uma pessoa. São exemplos destas fobias, o sentir-se sufocado pela relação, sentir que se perdeu a liberdade individual, ou ainda sentir que não se experimentou o suficiente para dar um passo mais sério. O compromisso com alguém leva a pessoa a recear que a sua identidade se dilua chegando mesmo ao ponto de não se reconhecer se for fiel a uma só pessoa. Em suma, o indivíduo receia que se perca uma parte fundamental de si próprio se decidir investir numa relação com alguém.
Outras estratégias mais complexas estarão relacionadas com as formas como o inconsciente boicota a experiência relacional com base em experiências traumáticas que aconteceram no passado. Nestes casos, a pessoa tenderá a boicotar a relação com receio de ser abandonada ou para evitar cenários de grande decepção ou sofrimento. Noutras situações, o indivíduo não se valoriza o suficiente (baixa auto-estima), o que o leva a não valorizar quem gosta de si e consequentemente as relações que lhe proporcionam bem-estar e estabilidade, ou por outro lado, a permitir cenários de abuso e maltrato.
Todas estas variáveis poderão participar em dinâmicas complexas que levam muitas pessoas a perder o desejo na relação ou a procurar através da fantasia sexual com o outro sabotar a mesma e logo sabotar-se a si próprias. Mas a fantasia sexual com o outro não significa necessariamente que a pessoa não deseje permanecer na relação ou que esteja a pôr em causa o compromisso que assumiu.
Quando se está em relação, não se fica cego ou surdo relativamente aos outros e às fantasias com outros. O que se torna importante é a forma como se enquadram esses pensamentos e é possibilitada a sua emergência no contexto relacional.
Quando a relação não corre bem, as pessoas tendem a procurar outros pontos de apoio ou escapes, como forma de evitar o stress ou sentimentos negativos provocados pela dinâmica relacional. Nestes momentos, a fantasia sexual com o outro reforça o ego do indivÍduo na medida que lhe assegura a sua própria validade através da capacidade de seduzir alguém diferente e a possibilidade, mesmo que remota, de poder deixar o parceiro(a). A ideia de que existe sempre alguém melhor que vai resolver os nossos problemas pessoais ou relacionais acaba por evitar que a pessoa desenvolva a necessária tolerância à frustração, resultante de lidar com os aspectos negativos do outro e dela mesma e aceite permanecer na relação com uma só pessoa, sem se sentir vulnerável por isso.
Se poderá ser admissível, e essa será uma condição a negociar na relação, cada membro do casal poder visionar e desfrutar de pornografia a título individual — não me parece que esta condição constitua em si mesma um problema, quando ambos estão seguros da sua sexualidade e da vontade de estar com o outro.
Quando uma das pessoas decide passar várias horas em frente ao computador e no caso do marido da leitora, procurar explicitamente um encontro com alguém, ele poderá estar ou não a trair a companheira, dependendo do seu conceito de fidelidade e do que este representa para a relação. Muitas vezes o conceito de fidelidade não se aplica da mesma forma para um e para o outro, sendo frequente as pessoas serem mais indulgentes consigo mesmas. Será que o seu marido também aceitaria o mesmo comportamento da sua parte?
A leitora sentiu-se traída e esse sentimento é suficiente para poder confrontar o seu marido e esclarecer o modo como a fidelidade é entendida na relação. E quando ele vê as imagens no computador ou se masturba, também se sente igualmente traída? O que a leva a querer controlar os momentos a sós do seu marido? Será que já se sentia insegura na relação antes de descobrir as fantasias do seu marido? Como estão as suas necessidades a ser atendidas na relação?
De alguma maneira, na situação descrita, o seu marido poderá estar a testá-la quanto à sua capacidade para aceitar este tipo de comportamento e o conceito de fidelidade que lhe está inerente. Mas esta forma de o fazer também poderá revelar a dificuldade que o seu marido poderá ter em comunicar consigo sobre aspectos que não correm bem na vida do casal ou não ter consciência de aspectos internos que possam estar a sabotar a relação.
Caberá a ambos decidir em que termos aceitam ter a relação e qual o tipo de fidelidade esperada, discutindo abertamente sobre o assunto. A confrontação com o outro é necessária para que seja claro o que está em jogo e as opções que se oferecem ao casal. Neste processo poderá ser útil o recurso à terapia individual ou de casal, para melhor avaliar a situação e os recursos disponíveis para encontrar soluções para os problemas.
Muitas vezes os casais presumem que existe um paradigma erótico para a relação que é o paradigma de quando estão apaixonados, tornando os estádios posteriores da relação sempre menos estimulantes e eróticos. Por outro lado, o modelo de relação dos pais surge muitas vezes como uma experiência não erótica e uma vida de casal rotineira, pouco estimulante e satisfatória. Na verdade, se o investimento colocado na procura de estímulos exteriores for canalizando para a procura de soluções imaginativas e lúdicas na vida do casal, a relação irá fortalecer-se e ganhar maior profundidade e satisfação.
Estar em relação é também uma opção que implica cedências, esforço, adaptação ao outro e mudanças em nós próprios. Mas este desafio constante, a longo prazo, acaba por ser mais gratificante do que a fantasia do que poderíamos ser e fazer, no mundo virtual das nossas projecções.
Sou contra a essas coisas sou homem de 29 anos e estou casado á quase 2 anos e nunca precisei de trair a minha esposa por semelhânça desse tipo.
Quem faz isso é quem não tem amor a mulher ou ela não o satisfaz no relacionamento sexual.
Nomeadamente vai desculpar de uma coisa que vou aqui sitar!
Pessoas que são assim não são normais e na minha teoria tenho uma religião diferente de todas que existem (Satânico)
Pessoas que são infieis a pessoa amada deviam de ser eliminados,digo isto com uma revolta de existir pessoas que mesmo ao sentimento de amor não tem qualquer respeito nem valor.
Quem não gosta da propria esposa para tudo o que se faz num sentimento de amor não presta nem devia de existir apenas só para fazer sofrer.
E digo a frente de qualquer um (a) sem problema.
Uma coisa quero eu deixar aqui escrito ele realmente te engana mesmo não estando contigo sei o que falo porque sou e nasci para amar e não para fazer sofrer os outros como ele.
Vou sitar uma verdade de um fenomeno que me aconteceu e que ficou comigo para toda a vida.
Sou uma encarnação de uma mulher que efectivamente sempre amou o seu amor depenentemente nunca mais fui o mesmo.
Tudo o que tenha a ver com traiçoes infedilidades e mais coisas sou do contra.
Por isso minha amiga amor verdadeiro não age dessa forma e sim age de forma fazendo com que o amor dure para toda a vida e com muito valor e felicidade.
E em relação a ele não passas de um octário um tipo que faz isso a uma esposa não a merece achas pouco o que ela te dá e te transmite?
O odio me rodeia sabendo que existe homens assim e mulheres.
Sexo a 3?Não passas de um chantagista se eu estivesse contigo pessoalmente e a ler ao mesmo tempo este artigo eu comia-te vivo.
És um animal inracional não pensas que uma mulher ou esposa vale por tudo havendo respeito e honra.
eu tou quase com o mesmo problema so k mais grave tou gravida,e apanho o meu marido a ver desses sites pornograficos e a masturbar se,sinto me triste e desiludida pois comigo diz que tem medo de fazer…ms para se masturbar ja o faz e ainda po cima nega quando o encaro,so passado algum tempo de eu insistir e k ele me diz k e verdade e tinha vergonha de me dizer.so sei chorar e lamentar pa mim msm e quando olho pa ele da me nojo e raiva de saber k ele fez o k fez mesmo eu tando gravida pois sei k n teve respeito nenhum po mim nem pela filha k vem a caminho.prometi a mim msm k ate nascer a mnh filha n irei ter mais relacoes cm ele pois lembro me smpr destes episodios….isto mais um desabafo pois sinto me sozinha e desamparada sem ninguem pa conversar….muito obrigada
Cara Ana Fernandes lamento que esteja a atravessar uma situação tão dolorosa num momento em que precisaria do maior apoio do seu marido. Seria importante saber se o problema da falta de desejo do seu marido por si é anterior à gravidez ou começou a acontecer depois de ter ficado grávida. No primeiro caso existe um problema na sexualidade do casal que necessita de ser abordado pois não será viável uma relação em que uma das pessoas procure fora da relação a satisfação sexual. No segundo caso, as mudanças físicas poderão torná-la menos atraente para o seu marido e até a ideia de que poderá magoar o bébe poderá colocar alguns entraves à relação sexual. Por outro lado, a vinda duma criança pode criar ciúmes e sentimentos contraditórios que poderão levar a um afastamento do pai. Convém dialogarem sobre as razões deste afastamento e falta de desejo e colocarem a hipótese de recorrerem a ajuda psicoterapeutica.
Acho que o homem que faz isso primeiramente não é nem um homem e sim um canalha sem escrupúlo algum,sem respeito para com sua esposa em um stado tão delicado,querida passei por isso,não sei se quando estava grávida ele fez isso mais durante o resguarde sim,mexendo no computador descobrie o histórico de navegação e lá encontrei sites pornógraficos que ele estava visitando quando não estava em casa sabe lá Deus o k ele fazia,era da tal melancia,moranguinho e outros piores fiquei tão triste decepcionada,que iria enbora no outro dia com meu bebê,ai a gente brigou foi a maior coisa,me sentia despresada por causa de safadeza dele e também depois da grávides não estava e ainda não estou contente com meu corpo chegeuei a pensar que era por isso e acho que é,mais fazer o que ,só que disse a ele que na próxima vez vou embora com meu bebe e ele nunca mais vai ver a gente por causa da safadeza dele,então é isso amiga tenha coragem p enfrentar os problemas e se cuida,abraços!!!
desculpe as palavras usadas de formas inapropriadas,mais é que fatos como este me deixam tão chateada que quero colocar tudo o que penso para fora,mais uma vez desculpas.
ola,boa tarde.
dr?e possivel amar e ão sentir desejo pela pessoa amada?
sinto me na idade dos porques…
Olá Lorena, sim é possivel amar e não sentir desejo pela pessoa amada ou deixar de sentir desejo a determinado momento que pode ser temporário ou permanente. A diminuição ou falta de desejo num casal é frequente e pode estar relacionado com vários factores tanto a nível consciente como inconsciente directamente relacionados com a estrutura do indíviduo e ou com a dinãmica do casal. Também poderão existir razões médicas e factores externos como o stress ou fadiga que conduzem à diminuição do desejo, embora não me pareça que seja o seu caso pelo descrição que fez da situação noutro post.
muito obrigada pelob esclarecimento Dr. Como disse em outro post, não vale apena estar numa relaçao assim,pelo que vou tentar mais que tudo,leva lo a aceitar a terapia de casal.Sempre que falo sobre isso ele diz que não pecisamos, como faço para o convencer a ir? gostava de uma maneira inteligente sem dramas faze lo entender que precisamos disso. Ja falei em separação com ele mas ele nem por nada nos deixa ir, penso que e mais pela nossa bebe, na verdadeeu acho que a nossa relação se baseia nela.eu ja perguntei se ele estava comigo so pela nossa filha,ele disse que não,mas e isso que eu sinto… Há possibilidade de estar a ser paranóica?
Olá Lorena, não me parece que está a ser paranoide mas mais insegura como reacção ao comportamento do seu marido e talvez porque possa ter algumas questões relativas à sua auto-estima e auto-conceito. Se o seu marido não quiser participar numa terapia de casal poderá sempre optar por uma psicoterapia individual para a ajudar a ultrapassar este impasse e sentir-se mais reforçada para lidar com o tipo de problemas descrito.
Olá Dr. Rui. Eu estou passando por um problema semelhante ao artigo publicado. O meu marido tem o hábito de conversar com mulheres on-line passando de chats para o msn e depois para contactos através de telefone. Já o confrontei várias vezes por causa disto, a última das quais apanhei uma msg no telefone em que uma mulher lhe perguntava qd ele se encontrava com ele. Disse-lhe que não admitia isto. Ele admitiu que errou, que não voltava a fazer. Agora passado 2 meses volto a ver que ele continua no chat, que continuam as conversa on-line. Terei que acabar com esta relação? Por um lado não acho motivo para acabar, não houve traição física, por outro lado ele não entende que está a fazer uma coisa errada pois continua a fazê-lo e pôs em causa a minha confiança nele. Neste momento sinto mesmo uma grande desilusão e vontade de partir para outra….
Cara Sofia, como refiro no artigo é importante que o casal esclareça qual é a fidelidade esperada na relação e que ambos assumam esse compromisso perante o outro. O conceito de traição depende de como a fidelidade é encarada. Se o seu marido admitiu que errou parece-me que está a admitir que traiu o compromisso de fidelidade para consigo. A traição não tem de ser física, a traição é o rompimento unilateral do compromisso com a outra pessoa, o que pode ser escondido ou assumido como forma de pressão o que não deixa de ser uma forma de abuso sobre o outro. Cabe-lhe a si decidir em que termos aceita manter a relação com o seu marido e confrontá-lo mais uma vez sobre a sua posição. Por outro lado também poderão conversar sobre as razões que levam o seu marido a procurar contactos com outras mulheres e de que forma esta situação reflecte questões individuais ou relativas ao funcionamento da relação que possam ser melhoradas ou para as quais possam procurar ajuda
Obrigada Dr. pela sua resposta. Em relação às razões que o levam a fazer isto, já lhe perguntei uma vez pq fazia. Respondeu-me que não sabia, que era uma pancada talvez. Eu várias vezes me interroguei no que estava a fazer de errado e cheguei à conclusão que nada fazia de errado. Temos bom diálogo, uma boa relação. Ele próprio diz isso. Que não podia ter uma mulher melhor. Por isso não entendo….A minha preocupação com isto tudo é que ele me traia mesmo pois uma coisa leva a outra e ele, apesar de achar que ele faz isto por todos os motivos menos trair, possa ultrapassar os limites e eu esteja aqui a perder o meu tempo.
Boa tarde,Dr. Rui.
Estou casada hà 12 anos,tenho 33 anos e meu marido 41,temos um filho com 5 anos.Sempre me dei bem no meu casamento raramente discutimos.A nivel sexual sou uma esposa que gosta de satisfazer as fantasias do marido e pensava que ele ma dava valor por isso,apesar de ele nao me procurar tanto quanto eu desejaria.No entanto ele é uma pessoa muito liberal,brincalhão sem qualquer ciume e muito confiante de si proprio.No inicio do casamento raramente ia deitar-se comigo ficando ate tarde acordado e fazia me sentir mal.Passado um ano adquirimos a internet e ai tivemos a nossa primeira briga a serio,Começou a tar sempre no computador até altas horas.Um dia chamou-me para ver um chat porno que ele tava a conversar com outras mulheres já todo exitado achando aquilo muito normal eu não gostei e não tive uma reação boa e disse-lhe que ele não tinha essa necessidade.Prometeu-me que não ia mais que foi só a curiosidade do momento.Acreditei mas fiquei sempre na duvida.O tempo foi passando e às vezes ia ver o historico e a maior parte dos sites que ele ia era de pornografia,não achando isso muito certo visto que era muitas as vezes e que ficava até tarde e eu sozinha na cama,muitas vezes à espera de atenção.Durante o casamento fui perguntando se ele falava nos chats ele dizia que não que foi só no inicio porque era tudo novo e tinha curiosidade,que às vezes ia ver era sites de gajas.Hà dois meses descobri que sempre falou em chats de sexo com mulheres que fez perfis inventados que morava sozinho que não era casado e não tinha filhos,etc e desejava conhecer mulheres para uma relação sexual,mastrubava -se para as camaras e ia quase diariamente e passou essas pessoas para o menssager para falar mais vezes.confrontei-o ele ficou todo nervoso disse-me que era só numa de diverção que nunca me traiu e que escondeu porque sabia que eu não ia gostar.No entanto quase nos separamos por minha vontade ele pediu-me perdão, disse que eu e o nosso filho é a coisa mais importante e não nos queria perder e que realmente andava a abusar e não ia voltar a fazer.Eu perdi a confiança total e para me sentir menhor fiz o prometer que só ia à net comigo e agora ando sempre a ver os emails dele e a desconfiar.
Sinto-me mal e insegura tenho dias que choro muito e isto não me sai da cabeça,porque afinal nunca pensava ter um marido viciado.
precisava muito da sua ajuda,que devo fazer.OBRIGADA
Cara leitora a confiança é um aspecto fundamental na relação sem a qual esta se torna praticamente inviável pois provoca grande ansiedade e sofrimento como no seu caso. O seu marido apresenta traços claros de adicção sexual através da internet e será muito difícil conseguir controlar ou eliminar esta dependência sem ajuda especializada. A leitora não se pode tornar polícia do comportamento do seu marido, não é esse o seu papel na relação e não é dessa forma que irá resolver o vosso problema. A solução consistirá em o seu marido conseguir recuperar a sua confiança sem que seja necessário a sua vigilância. Para isso ele terá de mostrar que está disponível e interessado em si e afastar-se completamente do computador. Devido às dificuldades em superar este tipo de comportamentos, aconselho o seu marido a recorrer a terapia e ou a grupos de auto-ajuda para ajudá-lo a recuperar-se a ele e à relação consigo. A ameaça da separação perante qualquer indício de retorno ao comportamento aditivo é a arma mais forte que possui para o dissuadir mas não sei se será suficiente, nomeadamente a médio e longo prazo. Muitas vezes é a separação ou seja a confrontação concreta com uma ou mais perdas que levam as pessoas com comportamentos aditivos a procurarem ajuda. Nesta perspectiva também poderá pôr como condição para continuar na relação que o seu marido procure ajuda. Em qualquer dos casos terá sempre de estabelecer limites muito estritos sobre as suas condições para se manter na relação, o denominado “amor firme” que pode motivar o outro a procurar a mudança para não a perder. O estabelecimento destes limites permitem-lhe recuperar parte do poder perdido na relação e ficar valorizada perante o seu marido.
Dr. me ajude por favor, pois não tenho com quem desabafar… Sou casada a 6 anos, eu e meu esposo temos 28 anos e temos uma bebe de 1 ano e 3 meses. Bem…mesmo quando não eramos casados não tinhamos um relacionamento sexual árduo, pois ele alegava que não tinhamos muita privacidade, mas depois de casado, o problema continuou, por várias vezes na cama ele se masturbou comigo ao lado dele dormindo, mas preferia assim do que me procurar. Após algum tempo, comecei a vasculhar o computador e vi os sites que ele entrava (videos pornôs, chats com garotas desses sites adultos) enfim… questionei a ele e me disse que era normal os videos, mas quanto aos chats vi recente e não perguntei ainda. Bom, ele tem ejaculação precoce e por diversas vezes implorei para ele procurar um médico, que eu até iria com ele, mas ele diz que vai, mas nunca vai. Sou uma mulher bonita, estudo, tem vários homens que me paqueram, então não entendo o porque disso. Nosso relacionamento conjugal é muito bom, quase não brigamos, somos muitoo companheiros, amigos e fazemos muitos planos pro futuro, nunca chega tarde em casa, não sai sem minha presença, enfim… estou isolada, não sei o que fazer nem quem procurar… me ajude por favor!!!
Pela sua descrição parece que existe uma boa cumplicidade na relação excepto na área sexual. De facto a ejaculação precoce pode interferir de forma significativa na auto-confiança do homem relativamente ao seu desempenho sexual. Por esta ou por outras razões, o seu marido está a procurar outro tipo de estimulação sexual fora da relação, substituindo a relação sexual consigo. Nesta perspectiva não se trata somente dum problema individual mas uma questão que pôe em causa a relação e a forma como você se está a sentir traída. Convem procurar ajuda para este tipo de problema sob pena de comprometer a confiança que deposita no seu marido e na própria relação, com óbvias consequencias para o seu bem estar emocional.
Dr. Rui
Eu e meu marido sempre tivemos uma vida sexual bem ativa, (3 vezes por semana no minimo). Temos 28anos (eu) e 30anos(ele).Ficamos distantes por algum tempo por motivos de mudanca (um em cada pais). E assim que ficamos juntos novamente encontrei em seu computador conversas que ele teve com outra mulher, ele conversou por um mes sempre com a mesma mulher, ele nao disse a ela que era casado e que tinha filhos, mentiu sobre seu nome (e ele usou o nome do nosso filho como se fosse o dele). Eu li todas as conversas que tiveram nesse tempo.Pelas coisas que li ‘e claro que eles vinham mantendo relacoes sexuais a distancia, se masturbando pela cam para que outro visse, ele dava a ela os mesmos apelidinhos carinhos que dava a mim. Quando ela descobriu que ele era casado, seu verdadeiro nome e tudo mais que ele havia mentido ele disse a ela que ele logo iria se divorciar e chegaram a conversar mais algumas vezes e ele se afastou dela sem justificar nada, nao entrou mais naquele msn, nao respondeu e mail… Eu que sou muito curiosa descobri quem era a moca, descobri nome, sobrenome, onde trabalha, e descobri ate mesmo que estava doente com depressao, pois ela assim como eu havia sido enganada.
Sempre deixamos bem claro que esse tipo de relacao com outras pessoas ‘e inaceitavel, tanto eu como ele concordavamos que isso ‘e sinonimo de infidelidade. Apos descobrir tudo eu o confrontei, disse que ja sabia de tudo e que nao adiantaria que ele mentisse. Ele por sua vez negou, disse que o irmao tinha usado o nome dele. Eu entrei em contato com o irmao na mesma hora e o irmao confirmou, e ate minha cunhada disse que sabia que o marido dela estava conversando com essa mulher, e inventou uma historia tao grande que eu acreditei, Mas continuei tentando descobrir mais. Continuei pressionando meu marido e ele nao confessou nada, mas disse que sentia pelo que tinha feito, que sabia que era errado, que aquilo tinha sido apenas uma brincadeira, disse que me amava e que nao queria me perder. Eu disse pra ele que nao aceitaria continuar nossa relacao se fosse apenas pelos filhos e ele disse que nao era pelos filhos e sim por me amar, e que nao consegueria imaginar a vida sem mim. Ele pediu pra mim esquecer essa historia, eu por minha vez disse que iria perdoa-lo mas esquecer nao esqueceria nunca e que ele teria que reconquistar minha confianca .
Ja tem mais de 1 ano que isso aconteceu e eu tenho um casamento muito feliz com meu marido, mas nao consigo esquecer o que aconteceu, esse ‘e um fantasma que vem me assustado desde o ocorrido. Penso que se ele me enganou uma vez pode enganar novamente. Fiquei frustrada com o corrido. Olho diariamente seu msn e sua caixa de mensagens. Ja pensei em deixa-lo pelo medo de que ele faca isso novamente Mas amo meu marido, ele ‘e tudo pra mim. Nao consigo entender porque ele fez isso, eu penso que se fosse carencia pela nossa distancia ele teria conversado com varias garotas e nao sempre com a mesma. Quero apagar esse fantasma mas nao consigo. O que posso fazer? “E normal essa desconfianca depois disso? Por favor me ajude.
Cara Priscila, recuperar a confiança numa relação no seguimento duma situação de infidelidade é sempre um processo díficil e moroso que implica a aceitação e compreensão do que aconteceu. A justificação do seu marido parece-me plausível no contexto do distanciamento físico a que esteve sujeito o casal. A mudança para outro país leva muitas vezes as pessoas a sentirem-se sós e carentes devido às dificuldades e esforço de adaptação a um meio diferente, sem a habitual rede de apoio dos familiares e amigos. A carencia afectiva e o desejo sexual podem levar a pessoa a tentar encontrar algum tipo de resposta que a internet facilita pelos aspectos virtuais das relações por este meio estabelecidas. Ao contrário do que refere se a pessoa estiver carente será mais frequente persistir num contacto com uma só pessoa do que com várias em que se torna mais difícil qualquer tipo de envolvimento emocional. Não obstante, o seu marido optou por quebrar o compromisso de fidelidade consigo, mas também mostrou arrependimento e desejo de recuperar a relação. A si caber-lhe-á a opção de voltar a confiar nele e dar uma oportunidade à relação. A persistência no controlo e desconfiança sobre a outra pessoa é natural numa fase inicial mas prejudicial numa fase posterior pelo desgaste e tensão que provoca em ambas as pessoas. É preferível assumir um novo compromisso com base numa relação com maior conhecimento das vulnerabilidades de cada um e do significado que a relação tem para ambos. Por vezes as situações de infidelidade podem levar os casais a conhecerem-se melhor, a renegociar a relação e a ficarem mais próximos um do outro.
Boa tarde Dr. ! Queria apresentar-lhe o meu caso: Moro junta á 6 anos. Desde o início que o meu marido conversa online com mulheres, hábito que sempre me constrangiu. Ele sempre fez isto qd não estou em casa. A situação chegou a um ponto em que tive que confrontá-lo e ameaçar que saia de casa. Ele apagou o perfil mas eu sei que continua no msn a conversar. Penso que até hoje não me traiu fisicamente embora já tenha confessado ter-se encontrado há uns anos com uma dessas mulheres e já tenha trocado mensagens com algumas. Não consigo fazer-lhe entender que isto é errado. Já lhe disse se gostava que lhe fizesse o mesmo. Ele responde que não. Não consigo compreender o que o leva a isto. Já lhe perguntei se existe algum problema na nossa relação que tenha a ver com este comportamento. Diz que não. Só quer que não fale no assunto mas continua a ter o mesmo comportamento, embora o esconda melhor. O que é que eu faço Dr? Por um lado não tenho motivos válidos para terminar esta relação, pois não houve traição física(que eu saiba) por outro lado não quero viver uma vida de desconfiança e à espera que um dia este tipo de comportamento leve a algo pior. Obrigada
Cara Diana caber-lhe-á a si decidir em que termos deseja ter a relação com o seu marido. Apesar de aparentemente não a trair fisicamente, qual é o objectivo destas conversas com outras mulheres? Flirt, sedução, validar-se a ele mesmo? Como já referi os homens ou mulheres com necessidade constante de seduzir os outros mesmo estando em relação apresentam vulnerabilidades que muitas vezes os impedem de constituir relações saudáveis. A traição não é somente ou necessariamente sexual e física, a traição é a quebra dos termos do compromisso com o outro. No seu caso, o seu marido parece ter uma necessidade de testar esse compromisso por razões individuais e de alguma maneira testá-la a si e à relação. Havendo um comportamento reiterado com contornos de adição parece-me aconselhável o seu marido procurar ajuda, caso contrário a desconfiança e tensão na relação só tenderão a piorar e a levar à sua própria erosão.
Bom dia Dr Rui
, será que pode ajudar-me?
Sou uma mulher com 57 anos, dois filhos e vivo perseguida pelo fantasta de o meu marido me ter traído no momento em que nasceu o nosso primeiro filho. Fui perdendo o apetite sexual e deixei de ter prazer, o que faz com que fuja da relação, no entanto amo o meu marido. Para ajudar tudo isto apanhei-o numa ligação na Internet, onde aquilo que escrevia para outra mulher me magoou muito. E agora? A confiança desmoronou-se ainda mais .É evidente que ele tem razão ao dizer que eu não o acompanho sexualmente, mas já lá vão 20 anos e eu continuo com o fantasma daquela 1ª traição. há da parte dele também uma necessidade de procurar sites pornográficos/ iróticos e diz-me que é no sentido de me ajudar. Como poderá ajudar-me mostrando-me este tipo de coisas. Que fazer? Procurar um psicólogo? Obrigada
Cara Alice, continuar perseguida por uma possibilidade de traição que aconteceu à 20 anos atrás não me parece que valha a pena nem que faça muito sentido porque a leitora decidiu permanecer na relação durante todo este tempo, o que de alguma forma pressupõe que existiram outras motivações e aspectos da relação que justificaram a sua permanência. Instalar esta dúvida dentro de si acabou por ser uma forma de controlar ou sentir poder na relação talvez num período em que se sentia mais frágil e insegura. Não sei se a perda do desejo estará só associada a esta ideia ou a outros factores que poderão ter surgido nesse período como o nascimento e cuidado dos filhos. Se o casal não tem vida sexual durante um período tão longo é expectável que hajam consequências para a relação tais como o ressentimento e afastamento do seu marido e até procura de satisfação sexual por outros meios, o que parece estar a acontecer. Se o seu marido deseja inclui-la no visionamento de vídeos eróticos ou pornográficos para tentar estimulá-la a ter relações sexuais com ele, parece-me legítimo, embora tenha dúvidas sobre a eficácia e intuito desta estratégia. A falta de desejo parece estar associada á falta de confiança no seu marido que poderá reflectir factores derivados da sua história individual como do comportamento do seu marido e da dinâmica da relação. O que é certo é que este problema passou de uma hipótese a um obstáculo enorme na relação e na intimidade do casal. A terapia individual e até de casal seriam as melhores soluções para uma situação que se arrasta há tanto tempo e que acaba por ser dolorosa para ambas as partes.
Magoada e sem saber o que fazer !!!
tenho 29 anos e meu marido 38, casada a 5 anos e com um filho de 2 anos. Foi com ele que inicie minha vida sexual, ele era divorciado, no inicio do casamento eu tinha muito desejo sexual e achava que ele não o tinha na mesma intensidade, ficava triste em silencio a por-me culpas a pensar que eu não fazia as coisas bem ou se calhar ainda pensava na anterior relação, porque eu sabia que ele sofreu muito com o divorcio.
Ao 2º dia do casamento descobri que ele via site pornográficos o confrontei muito desiludida e ele diz que era só curiosidade, pediu perdão , eu até pensei no divorcio mas não queria precipitar-me, depois de meses descobri que meses antes do casamento, ele tive uma conversa no msn com uma amiga dele (mulher do seu amigo) a Sra queixava-se do amigo e depois tinham uma conversa mas quente, e o que mais chamo-me a atenção ele dizer que tinham que ser muito cuidadosos se queriam concretizar o encontro porque ela era casada e ele iria casar-se, tb o confrontei ele pediu perdão e diz que era só a provar se a sua amiga seria capaz de chegar a fazer uma coisa de essas por ela sempre se fazer de certinha e agora ela mostrava-se com ele como se quisesse ser infiel. Ele a eliminou dos seus contactos e diz que não iria fala mas com ela e estava mais atento comigo.
O tempo foi passando e ha 4 dias vi no facebook dele, a ela na lista de amigos e ele tinha enviado mensagens muito amáveis, para ela . Em uma foto de ele dizia que estava lindaaaa, ele não é assim tão amoroso com as amigas por isso chamo-me a atenção. ela não tem respondido, mas ele esta sempre a insistir amigavelmente , mas eu percebi que ele quer se aproximar dela outra vez.
Ele ha mais de 1 mês vai sempre tarde para a cama e diz que tem muitas coisas a fazer no computador, eu acho que as vezes é verdade e outras não.
A sra. agora esta divorciada, e se calhar ele quer concretizar algo que não o fez quando ela estava casada. Pensar em isto mago-ame, sento-me triste olhou para ele e em silencio penso se eu te fizer só uma das coisas que tu fazes ias ver como te irias a sentir, as vezes penso que o amor e admiração que tinha vai mudar para ódio, anos atrás chorava muito agora não, tenho medo de qualquer dia acabar de vez com ele, Não sei se estou fazer um problema de nada.
Para mim a família é muito importante, já não somos só ele e eu, já temos um filho. Quero pensar racionalmente e queria pedir um conselho para saber que devo fazer para ser forte e ajudar para que nossa relação melhore.
Obrigada, por ler o desabafo guardado há anos.
Obrigada desde já por responder.
Cara Mary deverá falar com o seu marido sobre o que está a sentir e quais são as suas expectativas em relação à questão da fidelidade, confrontando igualmente o seu marido sobre as dele. Em lugar de estar a ficar ansiosa e magoada com um cenário de presumível infidelidade será melhor abrir o jogo e pôr as cartas na mesa. O casal deverá negociar o compromisso que deseja para a relação e estabelecer as condições que para cada um são fundamentais. Esta negociação poderá ocorrer em diversos momentos da relação para que possa ser relembrado qual é o sentido e o projecto da relação pois este obviamente pode mudar ao longo do tempo. Apesar de terem um filho, isso não implica que tenha de ceder no que é essencial para si. Para isso tem de ser mais assertiva relativamente às suas necessidades na relação sob pena desta deixar de fazer sentido para si e poder ser até destrutiva da sua auto-estima e do seu equilíbrio emocional. Cabe-lhe a si proteger-se dessa situação.
Uma enorme confusão, tristeza e descrença!
Há 5 anos atrás terminei uma relação muito conflituosa, da qual era dependente e a qual me anulava. Depois de uma grave depressão, devido à dificuldade em lidar com a dura realidade, consegui dar a volta por cima e 2 anos depois estava (aparentemente) como nova! Cheia de força, confiança, alegria de viver. Consegui perceber o meu verdadeiro eu e como me queria ver numa relação. Até coloquei a hipótese de abrir as portas a um novo amor…depois de tanto sofrimento. Passei por algumas paixonetas, alguns erros de percurso, algumas desilusões, mas coloquei sempre para trás das costas…Até que um dia dei por mim a pensar sozinha no meu quarto, e tendo em conta que estava farta de paixonetas sem significado: “o que eu queria mesmo era encontrar alguém que me amasse de verdade, que me amasse por tudo o que sou…de corpo e alma…é só disso que eu preciso” e a vida seguiu igual. Passado um tempo, se bem me recordo, foi coisa de um mês, 2 meses, algo de muito espontâneo e maravilhoso aconteceu. Não queria sequer acreditar…como era possível? Aquela pessoa, que no início, para todos os efeitos, era apenas mais uma, tornou-se na maior dádiva. Eu não queria acreditar…aquele interesse e dedicação total, como se eu fosse a melhor coisa que lhe podia ter acontecido. A descoberta e plena satisfação por tantas coisas em comum, o “isto é obra do destino” ou “foi alguém que nos colocou no caminho um do outro”, o sentimento comum de que “és tudo o que sempre quis, como é possível nc te ter encontrado”? Enfim…algo impressionante de facto, principalmente para alguém como eu que nunca tinha amado até então. O medo de entrar na relação foi muito e fez com que andasse ainda uns tempos com o pé atrás. Mas decidi: vou de cabeça! E fui…ainda com aquela confiança de quem pode tudo e que está na maior, se der certo dá, se não der passa à frente. Tudo avançou de forma natural e o amor cresceu mutuamente, pelo menos era o que sentia. De tão incrédula que estava naquela maravilha, entreguei-me ainda mais e fui pedida para me entregar ainda mais. No início falei abertamente sobre o que se tinha passado comigo e que não queria voltar a passar pelo mesmo. Recebi promessas de amor, de protecção, de companheirismo, de amor incondicional. E entreguei-me ainda mais, até me tornar dependente emocionalmente. Mas gostava de estar assim. É então que surgem as inseguranças do passado, o medo de ser enganada, de ser trocada, as desconfianças (principalmente com assuntos relacionados com internet) e as consequentes auto-defesas, retracção e não demonstração espontânea de sentimentos. Eis que os problemas começam a surgir. Eis que de uma discussão surge a primeira desilusão (para mim demonstração de violência…partir uma porta de um armário com um pontapé)…e o primeiro fantasma estava perante a minha cabeça. Sofre-se sem saber afinal o que é aquilo…acha-se que a culpa é nossa porque talvez não tenhamos ouvido o pedido desesperado por atenção e manifestação de amor ao outro. Aceita-se que é preciso mudar e demonstrar ao outro todo o nosso amor…e isso parece fragilizar-nos, mas cedemos. Andamos para a frente acreditando num futuro melhor porque afinal é aquela pessoa que tanto procurámos. Os momentos bons são muitos, o companheirismo também, a relação de uma forma geral era td o que sempre sonhara, era bem tratada e acarinhada. Tudo era maravilhosos quando td estava bem, mas começou a ficar cada vez pior, quando tudo estava mal. As discussões, quase sempre por coisas estúpidas, ficaram cada vez mais complicadas. A agressividade foi aumentando, até que o que parecia impossível aconteceu. Entretanto muitas culpas assumidas, muitas desculpas pedidas, muitas promessas de mudança da minha parte, convencida de que as situações surgiam por culpa minha, da minha insegurança. E assim era chamada à atenção pela pessoa. Sempre a solução para a relação continuar estava nas minhas mãos. E assim me sentia, e pedia para continuarmos, para nos dar mais uma hipótese, para me perdoar por tudo o que tinha provocado. Muito pouco reconhecimento de culpa houve da outra parte. Mesmo quando, surpreendentemente, o primeiro empurrão aconteceu. O segundo empurrão, a primeira nódoa negra no braço e a primeira estalada na cara. E a resposta a isto da minha parte, que de tão sofrida que estava nem sabia já o que doía mais, estar a ser agredida ou estar a agredir para me defender. Foi o segundo e maior fantasma a pairar sobre mim. Senti-me tão pequena, tão vazia, tão incrédula, tão enraivecida, tão apática. Ripostei, perguntei vezes sem conta: “como foste capaz? isto é que é amar para ti? porque fizeste isto?”. Depois lamentei-me por ter, talvez provocado aquilo, por ter ferido os sentimentos da outra pessoa com palavras menos simpáticas. Senti-me culpada por ter levado àquela situação. Mas ao mesmo tempo dizia a mim mesma: “Não, isto não é amar alguém”, vou sair daqui, mas depois procurei respostas do género: “desculpa, não quis fazer isso”, “perdoa-me amo-te muito”. Mas as desculpas propriamente ditas nc chegaram, nem nc saíram daquela boca. Antes as minhas perguntas: “Então mas tu não pedes desculpa?”, “achas normal o que fizeste?”, “não te sentes mal?” e esta última pergunta foi a única c resposta: “claro que me sinto mal, é inadmissível e sinto-me muito mal com isso”. Mas as desculpas? não surgiram. Surgiu antes a frase que viria a ouvir com frequência (sim, acreditei que td poderia progredir e fiquei – a acreditar no grande amor): “só faço isso porque tu me levas a fazer”, “só grito porque tu me irritas”, “se não criares situações que me levam a ficar irritado, nd disto acontece”. Até que comecei a ficar cada vez mais triste com estas situações, mas lutei sempre. Lutei tanto para ficar, mesmo quando pela outra parte, tinha ido porta fora sem olhar para trás. Lutei tanto por um amor, tudo porque qd tudo estava bem, era pura e simplesmente maravilhoso. E o sentimento não desaparecia, estava irremediavelmente ligada a ele, completamente dependente emocionalmente. Mas também tinha alguma noção da realidade, o que começou a transformar-se cada vez mais numa grande confusão: “bem, se calhar tenho mesmo muitos problemas de insegurança e é por causa disso que digo coisas que o magoam e depois ele fica assim, talvez até tenha razão”, “mas quem ama, não grita desta maneira”, “quem ama tenta dialogar”, “isto não está certo”, “que estúpida que sou, que não penso antes de falar”, “tenho de me controlar”, “preciso de ajuda para mudar”, “quero mudar”, “mas ele tb deveria mudar”. Até que ouço: “eu não vou mudar…eu sou assim”, “tu é que não me aceitas como eu sou”, “já viste que só tenho defeitos para ti?”, “fico triste que seja essa a imagem que tens de mim” e vem a auto culpabilização: “ele tem razão, tenho que acreditar mais nos sentimentos que tem por mim”, ” tenho que confiar”, “tenho que tentar não fazer filmes”. E isto tornou-se cada vez mais num enorme conflito interior do tipo sussurro no ouvido “certo vs errado”, “bem vs mal”. Mas lá seguia mais uma vez…a alimentar o amor, o grande amor e a viver ansiosamente os dias bons, os supostos dias de paz entre nós atormentados pelos fantasmas e a dizer a mim mesma “vá isto não tem necessariamente que acabar mal”, “acredito que podemos dar a volta por cima”, “ter uma família”, “fazer planos juntos”, “o que aconteceu foi numa situação de enorme crise”, “o melhor virá”…mas os fantasmas não desapareceram. Apesar dos dias de manifestação constante de amor, de promessas de amor verdadeiro, do companheirismo, das mensagens reconfortantes, dos subtis arrependimentos, da partilha maravilhosa de vida…as discussões iam surgindo, para mim do tipo: “pronto, já está tudo de volta ao mesmo”, “não acredito”. O desgaste já estava instalado. O desespero também. A raiva de não receber outro tipo de abordagem às discussões da outra parte também. E frases como as seguintes surgiram: “mas se tás assim tão mal, muda-te”, “vai-te embora”, “porque não te vais embora”, “que solução é que apresentas para isto resultar?” e eu respondia “mas não sou só eu que tenho a solução”, mas acabava sempre por querer resolver a coisa e cedia, e dizia o que achava que poderia ser feito para se ultrapassar. Para o meu bem e para o bem dele. Cheguei a propor-lhe que procura-se ajuda para se controlar…resposta: “não preciso de ajuda nenhuma”, do tipo, sou assim porque sou incompreendido…”só preciso de ser amado” disse ele a chorar. E eu com muito amor por ele fiquei mais uma vez e senti-me pequena e culpada…”tens que mudar”, “tens que mudar”. Até que comecei a procurar ajuda para mim própria…assumindo já como sendo eu o problema. E fui-me tentando manter forte e dar a volta por cima mais uma vez…eu sou capaz. Mas mais situações fragilizantes surgiram…mais um empurrão, mais descobertas de visitas a sites pornográficos e live cams, mais o confronto e a resposta: “foi curiosidade, não volta a acontecer”, e a dúvida: “mas já não me amas, não te atraio?”, “sim, atrais e muito…foi só mesmo curiosidade”. Curioso que nesse período o contacto íntimo foi tão pouco que chegou a passar um mês inteiro sem contacto sexual. Dúvidas, inseguranças e mais inseguranças voltaram e as desculpabilizações também: “vá até pode ter sido curiosidade”, “isso não significa que não goste de mim”, “também não o posso controlar dessa maneira”…juntamente surgiram as vontades inesperadas e atitudes compulsivas do tipo: eu não vou fazer isto, eu não vou fazer isto e fazia: procurava todo e qq indício de traição, de conversa, de tentativa de esconder algo, e quando fazia isso, era um suplício, o coração acelerava, parecia que ia sair do peito…o simples acto de entrar numa das redes sociais mais badaladas, tornou-se um sacrifício…conotado com sofrimento e com o facto de poder encontrar algo mau para mim. Só o acto de entrar no perfil do meu namorado, fazia com que os meus batimentos cardíacos disparassem. Fazia o que o impulso mandava e parava por uns tempos. Muitas vezes questionei aquela e aquela pessoa adiconada e porquê. Porquê as ex-namoradas, etc etc. Mas os impulsos, como que do nada, surgiam de novo, até descobrir palavras passe e entrar num dos e-mails…culpabilizei-me vezes sem conta, reprimi a minha atitude estúpida e inconsciente vezes sem conta, principalmente porque não encontrei nada que me fizesse ficar devastada, nada do que procurava. Depois não tentei entrar em mais e-mail nenhum, mas diariamente surge a pairar o impulso de entrar no seu perfil da rede social. Principalmente depois de eu ter finalmente tomada a difícil decisão e atitude de sair lá de casa com tudo o que me pertencia. Primeiro chorei, amaldiçoei mais uma discussão…culpabilizei-me por ter tido ciúmes e ter cobrado, por ter estragado quase quatro meses de tentativa feliz sem discussões, sem movimentos estranhos, sem horários estranhos, com muita dedicação e companheirismo, com muito amor no fundo. Mas duas últimas sentenças duras vindas da outra parte fizeram-me avançar: “estou farto, já não tenho paciência para te aturar” – bomba fragilizante nº1, “estás mal, muda-te” – bomba fragilizante (repetida) nº2, “deficiente” por alegadamente querer tudo à minha maneira – bomba fragilizante nº3 e mais ofensiva. Não podia tolerar mais isso…mesmo achando que tinha sido a culpada. Como poderia chamar-me deficiente, como poderia dizer-me que já não tinha paciência para me aturar? Não, não, não…isso não é amar! mas ainda pensei: “mas eu irritei-o”, “eu fui estúpida”. Saí de casa para tomar café c a minha família, triste porque ele não quisera ir…não estava bem, como poderia voltar para casa e fazer como se nada fosse? não poderia anular-me mais uma vez. Falei c um familiar na tentativa de obter a tal dica: “faz, avança…”, “não olhes para trás”, ou “tenta conversar”…qualquer coisa que me ajudasse a fazer qq coisa. Eu sabia que a conversa já só iria dar ao mesmo de sempre: eu culpada a pedir desculpa. Então eis que o familiar me dá o empurrãozinho: “isso comigo era só uma vez”, “tem paciência mas não há desculpa possível, nem atitude possível, para a agressão”, “não consigo sequer imaginar”, “vai e não olhes para trás”. Tomei coragem, pedi a Deus ajuda antes de entrar…entrei com a certeza de que desta não ia voltar a trás. Entrei com tudo…arrumei tudo o que me pertencia, sempre com ele no sofá deitado a dormir, ou fingir, como de resto acontecia sempre que as discussões eram graves. Ele ali continuou sem dizer uma palavra. Comecei a levar coisas para o carro, abre porta, fecha porta…nada! Não havia qq tipo de manifestação da outra parte. Estava tão focada, que nem me importei, até agradeci porque me facilitou. No fim o que ficou foi a minha abordagem, chamei-o com um leve toque no braço, ele reagiu e e disse: “vou-me embora”…”o quê?” pergunta ele; e eu: “vou-me embora”…”embora para onde?”…”vou-me embora para minha casa”…”o quê?”…”sim, vou-me embora para minha casa”. Não responde, volta a fechar os olhos e eu pergunto: “não tens nada para dizer?” cuja amável resposta foi: “que queres que eu diga? há alguma coisa que eu possa dizer que mude a situação?” ao que eu respondi…pois não sei. E eis que ele remata da seguinte forma: “no final eu sou o culpado desta merda toda não é?” e eu respondo antes de me ir embora de vez: “não, a culpa é dos dois”…xau vou sair. Xau sempre de olhos fechados. Até agora, passado mais de um dia, não me disse absolutamente mais nada.
O primeiro sentimento foi de alívio, mas foi por pouco tempo, neste momento estou incrédula, ainda cheia de amor, ainda a acreditar que ele me ama e que só é assim porque é uma forma de se proteger de sofrer. Sei que não posso voltar para ele, mas quero. Espero a qualquer momento que me ligue e que queira falar pelo menos para esclarecer e não acabar assim algo que começou tão lindo. Estou a sentir-me fraca e triste, choro muito e sofro ainda mais…não prevejo que venha a gostar tanto de alguém como dele, não prevejo que consiga alguém, que apesar de tudo, seja tão compatível comigo em tantas coisas, mais do que alguma vez encontrei em alguém. Sofro ainda mais por isso. Sei bem o que encontrei, mas ao mesmo tempo sei bem o tamanho da minha queda…um grande conflito emocional neste momento. Preciso de ajuda. Tenho 28 anos, dificuldade em comunicar os meus sentimentos, 2 GRANDES relações falhadas, 2 GRANDES desilusões amorosas, muita insegurança, pânico de ser enganada, ciumenta, alguma dificuldade em comunicar de forma assertiva, total descrença nas relações, total desconfiança para com todo e qualquer homem…quem me diz que não vem mais um lobo disfarçado de cordeiro? ESTOU ARRASADA…não tenho uma única palavra de feedback, estou na fossa de novo, mas quero sair dela!
Devo mesmo tentar a psicoterapia ou tento sozinha?
Muito Obrigada!
Sofia
Cara Sofia, tem todos os motivos para estar arrasada, a sua ultima relação teve um nível de agressividade e abuso muito elevado independentemente de quem foi responsável. A agressividade é inaceitável numa relação e há sempre outras formas saudáveis de resolver os problemas e mesmo os conflitos no casal. Os comportamentos e atitudes descritas do seu companheiro são claramente abusivas como ele próprio reconheceu a determinado momento e causam danos psicológicos graves (veja o artigo abuso disfarçado de amor). Parece-me que fez bem em terminar a relação uma vez que não existia vontade de procurar ajuda por parte do seu namorado. No entanto, a Sofia deverá procurar ajuda psicoterapêutica para a auxiliar a recuperar dos danos psicológicos sofridos, processar o que aconteceu nas duas relações e qual tem sido o seu papel nessas dinâmicas que acabam por ser destrutivas para si. Só assim poderá desenvolver os recursos necessários para poder evitar situações semelhantes no futuro e abrir caminho para relações mais saudáveis.
Infelizmente os casos relatados não são tão raros como se possa pensar, com a Internet cada vez mais apelativa e incógnita, as tentações vêm mais ao de cima e o que começa por ser uma curiosidade acaba por ser um comportamento que se poderá tornar de risco. Ou seja um comportamento aditivo, visto que poderá levar à necessidade cada vez maior de procura desse tipo de sexo alterando a sua vida normal, criando uma dependencia fisica e mental. O (a) individuo passa a substituir a relação real por uma virtual, deixando de ter interesse e mesmo prazer na realidade, tornando-se assim um dependente, pois pode ter um comportamento compulsivo, a necessitar de ajuda psicológica. Esse tipo de adição é como uma droga, só que sem a adição de substâncias, mas igualmente prejudicial, a vários niveis, pois que pode interferir na vida familiar, laboral, abuso da net tanto no trabalho como em casa, passa a mentir , aos que com ele privam, para poder estar na net mais tempo, enfim uma alteração comportamental a que é necessário estar atento para saber se realmente esxiste compulsividade, ou é apenas um comportamento passageiro e ocasional.
Sim Maria concordo consigo, há que diferenciar o comportamento ocasional do comportamento aditivo. A comunicação e o recurso à internet passou a fazer parte do nosso quotidiano e tem obviamente muitos aspectos positivos tal como alguns negativos. Mas o que leva uma pessoa a um comportamento aditivo não é tanto o meio pelo qual desenvolve a adição mas outras razões resultantes da estrutura psicológica do indivíduo e da sua capacidade para lidar com o real.
Dr. Rui,
Muitíssimo obrigada pela análise. De facto avancei para a psicoterapia. Se estivesse em Lisboa, teria mt gosto em que fosse orientada por si. Foi mt importante a sua resposta para mim. Agradeço-lhe imenso o tempo que dispensou para me responder.
Já consigo olhar para trás e pensar que este não era o caminho a seguir, mt graças a várias conversas que fui tendo com família e amigos que me têm apoiado imenso e agora com as suas palavras.
Por vir, está a conversa que entretanto acordámos ter (entretanto ele fez-se notar). Tenho adiado marcar porque considero que ainda tenho algo para sedimentar…não me sinto preparada e não quero deixar nd por dizer. Receio que devido à minha demora na decisão, ele mude de ideias…mas paciência se assim for (não queria pq gostava mm de dizer td o que me vai na alma). Já lá vão 4 dias e julgo que tenho progredido, mas por experiência própria sei que haverão momentos menos fáceis de novo. Isto não é nada fácil…E há tanta gente nesta situação. E a questão de que afecta tds as classes e níveis sociais é bem verdade. O facto de uma pessoa ter formação e supostamente um nível de conhecimento superior sobre vários assuntos, o facto de perante os outros ser uma pessoa amável, sempre mt bem disposta e cheia de amigos que atestam a sua forma de ser, não significa absolutamente nada porque conseguem ser perfeitamente agressivos, frios e violentos num ambiente familiar, para com os que lhes são mais próximos (excepto amigos). Atenção aos sinais…eles alertam para mt coisa e eu não soube dar a devida importância aos sinais. Força a todas as pessoas que estão a passar por isto ou já passaram e lembrem-se: falem spr com alguém dos vossos problemas…é fundamental para momentos de necessidade. É imperativo que se faça um alerta rigoroso…não sei se as campanhas (esporádicas) na tv serão suficientes. Muito Obrigada mais uma vez.
Olá Dr.Rui.
Tenho 37 anos e estou casada à 20anos. Casei-me com 17 anos e fui de imediato mãe. Criada numa família que me super protegia e mimava apaixonei-me por um homem 10anos mais velho do que eu e que ainda é o meu actual marido.
A nossa relação sempre pautou por um forte desejo físico, mas como em todas as relações esse desejo foi ficando mais calmo, principalmente para mim. O meu marido acusou-me várias vezes de me afastar dele fisicamente levando-o a sentir-se rejeitado e infeliz como homem. Até que um dia, 10 anos atrás, foi bastante agressivo e disse-me que estava arrependido de ter casado comigo. Fiquei bastante revoltada pois entreguei toda a minha vida àquele casamento e à minha família. Foi então que lhe contei que no passado tive um colega de trabalho que se insinuou a mim e que eu até achei isso interessante. Na altura senti-me bem revelar-lhe isso pois foi uma forma de ultrapassar a situação. O nosso casamento continuou depois disso com momentos bons e maus como todos. Passados 18anos decidi voltar a estudar e a apostar mais em mim, entrei na Universidade, mas ele nunca me demonstrou grande apoio. Trabalho, estudo, tenho dois filhos e faço tudo em casa sozinha. Um dia fui à carteira dele e encontrei recortes de jornais com anúncios de prostitutas além disso, passados 20anos de casamento descobri que o meu marido tem cerca de 9 caixas de correio electrónico, e que tinha perfis em cerca de 7 redes sociais, na maioria dizia que tinha uma relação aberta e que procurava mulheres para encontros sexuais ocasionais. Vi mensagens a convidar para encontros para beber café e ficarem a conhecerem-se melhor. Vi também um anúncio publicado na (rede parede) onde pedia mulheres casadas. Fiquei horrorizada pois sendo elas casadas seria uma forma de guardarem sigilo.
Enfim, confrontei-o com tudo aquilo. Antes de ter a certeza que eu sabia da verdade, negou tudo, depois eu citei-lhe algumas frases que li, e então foi quando assumiu que fez e devolveu toda a culpa para mim. Dizendo que eu sou pensava no curso e no trabalho e descurava a parte relacional com ele e que eu não podia cobrar-lhe nada pois achava que eu no passado tinha tido ou pensado ter algo com o meu colega. Em algumas redes anulou o perfil mas noutras não. Fiz questão de ver com ele alguns sites que descobri que ele visitava quase na esperança que ele me mostrasse aquilo que eu já tinha visto, mas ele não o fez e na maioria dizia que não conhecia.
Depois com mais calma disse-me que o fez com curiosidade e porque se sentia rejeitado. Agora sou eu que me sinto rejeitada, desiludida e com uma sensação de frustração muito grande. Tudo o que eu mais queria era ter uma família feliz, tenho uns filhos maravilhosos, e pensava que também tinha um casamento firme pronto para ultrapassar tudo! Mas tenho um casamento de conveniência. Sinto que estive a fazer um esforço sobre-humano e que não fui valorizada, por isso penso em desistir da Universidade, o curso não era só para mim mas era uma luta de toda a família. Julgava eu!
Será realmente que fui eu com as minhas atitudes que originei a situação?
Será que ao criar a desconfiança coloquei um carimbo na relação’
Obrigada pela atenção.
Cara Filipa, numa relação a responsabilidade da dinâmica que se estabelece no casal é sempre das duas pessoas. Tendo em conta a sua descrição e não possuindo todos os dados necessários para uma análise mais consistente, parece-me que gradualmente houve um afastamento do casal que se reflectiu na diminuição do desejo da sua parte e sentimentos de rejeição do seu marido. Será que a intimidade do casal se cingia à relação sexual? Ao diminuir o desejo a leitora acaba por controlar uma parte fundamental da relação que leva o seu marido a pôr em causa o casamento. Ele não foi capaz de se aproximar de si de outra forma? Que investimento foi feito na relação em termos lúdicos e criativos? Como diz o desejo tende a diminuir relativamente à fase inicial da relação, mas se houver um aprofundamento da intimidade e investimento na parte ludica e afectiva da relação, o desejo até poderá aumentar devido ao significado que a relação e a outra pessoa passam a ter para nós. Por outro lado, as respostas que se seguiram a esta crise pautaram-se por maior afastamento, retaliação e por procurarem no exterior algum tipo de compensação pela frustração que sentem na relação. Parece-me que existe uma falta vontade de ir ao encontro da outra pessoa, procurar saber o que sente e o que precisa na relação, expôr os seus receios sem medo, desenvolver estratégias para aproximar o casal. As relações precisam de ser alimentadas e precisam de ser questionadas para compreendermos o que não funciona e podermos trabalhar em conjunto para a resolução dos problemas que naturalmente vão surgindo. Quando os casais não conseguem resolver os problemas é preferível recorrerem a ajuda terapêutica do que retaliarem através de respostas que acabam por ser muito destrutivas para a relação e para a outra pessoa. O distanciamento no casal e a desconfiança de um no outro só podem mesmo comprometer qualquer possibilidade de intimidade e recuperação da relação.
Dr. Rui,
Tenho 50 anos e sou casada há 33 com um homem 11 anos mais velho. Há cerca de 20 anos soube que o meu marido me enganava com uma rapariga africana, de 18 anos e que estava absolutamente apaixonado por ela. Descobri a situação e perdoei-o. Recomeçámos e durante algum tempo parecia-me que ele gostava de mim. Contudo, os anos passam e comecei a prestar mais atenção a detalhes tais como ele evitar beijar-me e a redução nas relações sexuais. Assim, há cerca de um ano descobri que ele mantinha o contacto da outra, trocavam emails e falavam no msn. Ele ainda tentou desmentir mas depois encontrei o # de telefone dela e liguei para confirmar o nome (não falei nada, apenas mencionei um nome e ela corrigiu). Como uma mentira nunca vem só, estive estes 20 anos a pensar que a pessoa com quem me enganou era uma mas afinal tive a mentira em duplicado pois era uma outra que chegou a trabalhar com ele e que tinha apenas o mesmo nome!! Na sequência desta descoberta, ele confessou que depois de me prometer que tudo tinha acabado, ele manteve uma relação muito intensa com ela mais uns 3 anos até que ela casou e mudou de país, dizendo-lhe que gostava das duas e que não se separaria de mim. País esse aonde também temos uma casa e descobri que sempre que ele viajava sózinho se encontravam na minha própria casa. Sei que não mantiveram mais relações pois vi correspondência entre eles, após esta ultima descoberta em que ele lhe dizia que já não mantinham relações há mais de 12 anos mas que a amava, que não passava um dia sem pensar nela e que um dia ainda se haviam de encontrar para discutir o futuro. Inclusive lhe dizia que gostava das filhas dela e que as poderia aceitar, assim como os pais da fulana gostavam dele pelo que certamente aceitariam a relação. Também lhe disse que gostava de mim mas dela nem dizia o quanto entre muitas outras coisas que me magoaram muito pois, mais uma vez, me tinha feito a promessa que agora eram só amigos.
Disse-me que o perdoasse pois fez essas declarações num momento em que estava confuso mas que poderia viver sem ela mas se me perdesse acha que morria.
O facto é que perdi totalmente a confiança pois foram 20 anos de mentira em que eles não tiveram relações sexuais, apenas, porque ela não quis, e noto que ele sempre que vê uma jovem negra mostra demasiado interesse, nem conseguindo ser discreto. Ele disse-me que de facto, sentia uma atração maior pelas africanas do que pelas europeias. Ora, apesar de não me considerar uma mulher desinteressante, nem fisicamente nem intelectualmente, não sou uma jovem e muito menos com as caracteristicas físicas que ele gosta. Já tratei dos papéis para o divórcio mas acabaram por expirar e estou a tratar novamente pois perco a confiança total à minima situação que me faça recordar o que se passou (ou passa?).
Será possivel estar apaixonado por outra 20 anos, mesmo depois de ser descoberto a 1ª vez e agora, de repente, deixar de estar e descobrir que afinal gosta é de mim? Será que algum dia poderei recuperar a confiança que tão cegamente tive no passado, mesmo depois de ele me ter enganado? Sinto que ele mentiu e pode voltar a mentir e não suporto essa ideia. Não preciso dele em termos financeiros, apenas, por incrivel que pareça gosto dele e ainda me preocupo e apesar dos nossos filhos estarem na casa dos 30, sinto que a nossa separação seria um grande desgosto para eles pois nós, nunca, mostrámos que havia este tipo de problemas. Também me sinto sufocada sempre que viajamos para o país aonde temos a casa de férias pois ela vive aí perto.
Penso que ele seria mais feliz sem mim mas que apenas fica comigo pois, como ele me disse, ainda hoje, não é desagradável viver comigo… Isto, certamente por me preocupar com ele e cuidar de tudo quanto sejam rendimentos familiares. Gostava de uma opinião independente e completamente sincera, daí recorrer a si.
Obrigada.
Susana
Cara Susana, a sua situação apresenta alguma complexidade relativamente às razões que terão levado o seu marido a trair o compromisso que tinha consigo, a possibilidade de recuperar a confiança na relação com ele, o seu papel ao longo da relação, as decisões relativas ao vosso futuro, em particular a viabilidade da relação de acordo com o que deseja para si. Parece-me que não deseja a separação mas que se torna muito complicado projectar a relação no futuro depois de sentir-se enganada e traída diversas vezes. Tratando-se duma relação de muitos anos, em que existe das duas partes uma vinculação muito forte, torna-se muito difícil tomar uma decisão sem explorar todos os aspectos referidos em detalhe e avaliar os recursos psicológicos do casal e individuais. A sua auto-estima está muito afectada com esta situação e por isso convém reforça-la bem como analisar todas as componentes do vosso problema para poder tomar um decisão de forma mais ponderada e consistente. Aconselho-a a recorrer a psicoterapia individual.
Boa noite! quero muito desabafar eu tenho 34 anos e meu marido tem 31,por eu ser mais velha me sinto muito insegura, ainda agora que estou gravida,passei por algumas situações peguei meu marido olhando pra meninas de 15 ,16 anos,isso me deixou muito triste,sabe não sou uma mulher feia,sou vaidosa cuido muito de mim,mas infelizmente acho que é pouco pra ele.Estou passando por um momento muito dificil,me sinto uma mulher triste quero ser amada por completo,qual mulher não quer se sentir especial pelo marido? será que eu estou pedindo muito? o que eu posso fazer para que ele perceba a mulher que eu sou? a mulher que ele estar perdendo? me ajude.
agradeço.
Cara leitora se sente que o seu marido não atende as suas necessidades e mostra interesse por outras mulheres deverá conversar com ele sobre esse assunto e desta forma valorizar-se na relação. A segurança é uma questão interna que deriva da forma como as pessoas foram cuidadas e valorizadas na infancia e adolescência. Se coloca a sua segurança interna dependente da resposta do seu marido ficará sempre dependente deste e gradualmente destítuida de poder interno. Uma relação é sempre um projecto a dois em que se torna fundamental negociar as condições e necessidades de cada pessoa na relação. Poderá sempre recorrer a psicoterapia para a ajudar neste processo bem como a reforçar a sua auto-estima.
Doutor! Eu sou um desses homens a que vc se refere no artigo, e que as mulheres se referem nos posts, Gostaria de dizer que eu amo muito a minha esposa, e nada que faço é para magoá-la, porém existe em mim uma vontade imensa de ter relação com outras mulheres, e também adoro visitar sites pornográficos. Tenho perfil falso criado no msn, e em sites de relacionamento adultos. Porém fica só nisso, nunca saio realmente com outras mulheres, nem chego a utilizar sites pagos, pois sei que é errado e decidi que não gastaria dinheiro com estas coisas, ao invés de gastar com isso, compro presente para minha mulher como uma forma de pedir perdão, porém sem ela saber de nada. O fato é. Para as mulheres a fidelidade é muito rigorosa, elas tem um geito de pensar diferente dos homens, homem precisa de situações excitantes, precisa ver coisas que o excitem, não sendo necessário ter relação com outras mulheres. mas as mulheres são muito românticas e não aceitam isso, que faz parte do instinto masculino. Gostaria que minha esposa tivesse a mente mais aberta, que fosse mais ousada, utilizasse roupas mais curtas, mais provocantes, não somente no quarto, na hora de dormir, mas em locais públicos. Pois o homem é bombardeado de imagens e de belas mulheres ousadas, atrevidas e geralmente a mulher em casa, nunca usa uma minissaia para ir a uma boate, não gosta de dançar sensualmente, e ainda quer exigir que o homem tenha excitação por ela. Mesmo amando, e gostando da companhia da mulher, a excitação não envolve o emocional, mas sim o instinto masculino, é muito mais irracional, e por isso muitas vezes nem os homens sabem porquê traem a mulher ou procuram sites pornográficos.
dr. estou gravida de quase 6 meses, e e me sinto muito deprimida nao sei se é pelo fato de ja ter tido uma depreção na minha adolescencia, mas sei o motivo certo meu marido nao desgruda a noite da tela do pc, antes dormia sedo e agora com a net em casa fica ate autas horas vendo mulheres peladas na net esses dias tenho visto o historico de navegação e sao muitas coisas que me entristeçem, algumas paginas sao de chats que nao faço ideia se ele conversa ou nao com elas, mas creio que fica obvio que esta conversando sim… mas nao sei realmente o que fazer morro de medo da minha depreçao voltar ainda mas num momento que deveria ser tao espeçial para mim que é a chega em breve do meu bb…
Ane, não me parece que seja aceitável uma situação como a que descreve, deverá clarificar com o seu marido as razões que o levam a afastar-se de si. Por vezes a gravidez despoleta sentimentos contraditórios e até a rejeição da outra pessoa que convém abordar num contexto terapêutico.
sem contar tbm que nos ultims dias tenho me perguntado se o erro esta em mim , se por algum acaso me descuidei e fiquei feia para ele se ele achou alggum defeito no meu corpo sei la sao inumeras as perguntas, que as veses me pego chorando sem saber o porque… parece um rio imenso dentro de mim que nao vejo correr para lugar algum como se alguem estiverçe parado minha vida no tempo que nao acaba mas.
Bom dia. Estou passando pelo mesmo problema, só que quem faz isso sou eu mesmo. Sinto muita vergonha disso e estou precisando de ajuda. Minha esposa já me perdoou 2 vezes e dessa vez acho que não ocorrerá novamente. Não sei o que acontece, mas sinto uma vontade louca de ver até aonde as coisas vão. Nunca a trai fisicamente, a não ser um beijo que aconteceu na faculdade no inicio do nosso relacionamento. Meu problema é com sites de relacionamentos como Ashiley Madison. Dessa vez entrei para ver o que era e uma semana depois desisti de continuar, mas não deletei o perfil e minha esposa pegou. Acho que preciso de ajuda profissional, isso deve ser algum problema, e quero muito salvar meu casamento. Teria algum conselho?
Olá Pedro, está mesmo com dificuldade em gerir um conflito entre o desejo de boicotar a relação e preservá-la. Muitas vezes os boicotes à relação que no seu caso se traduzem pela procura (ou a fantasia) de ter outra pessoa têm motivações inconscientes que precisam de ser avaliadas e tratadas com tempo em psicoterapia. Não sinta vergonha pois trata-se dum problema de controlo do impulso que necessita de ajuda clínica e com a qual poderá desenovlver estratégias para o ultrapassar e sentir-se mais estável na relação com a sua mulher.